“A Cura tem limite, o cuidado não”
Era uma frase estampada na parede do hospital em que meu pai estava internado no ano de 2018. Enquanto aguardava o momento de entrar para visitá-lo eu lia e relia essa frase imaginando o quanto ela convergia para tudo o que eu havia estudado sobre a hospitalidade.
A palavra hospitalidade tem um caráter polissêmico, ou seja, tem muitos significados, mas optei por compreendê-la como uma virtude humana voltada à arte do bem-receber, do acolhimento, do cuidado com o outro, ou seja, de tudo aquilo que fazemos para que aqueles a quem atendemos se sintam surpresos, encantados.
Ora, se o tema é importante (para não dizer crucial) em todas as esferas comerciais, imaginemos o quão importante é em um ambiente hospitalar...
Nesse ambiente, ainda mais do que em outros, o conceito de hospitalidade vai além do bem receber, da cordialidade, do encantamento. Por sua própria especificidade, entre elas a de envolver profissionais de diferentes áreas, por exemplo, a promoção de um ambiente de hospitalidade em um hospital requer, inicialmente, o acolhimento da própria equipe interna, a fim de que possa estender aos pacientes e seus familiares aquilo que já sentem, que já vivenciam.
Muitos estudos demonstram a importância de uma atmosfera de tranquilidade, segurança, solicitude e gentileza na recuperação e/ou melhora de pacientes, assim como na suavização da rotina dos familiares ou acompanhantes que, igualmente, são clientes dos hospitais e, também sofrem pelos seus entes queridos.
Por mais que a tecnologia avance na medicina (o que, de fato, tem acontecido), nada substituirá o cuidado humano e humanizado. Só profissionais humanizados serão capazes de enxergar a pessoa por trás do paciente, da enfermidade, do diagnóstico, do prognóstico.
Sabemos que a cura tem limites, mas, enquanto clientes/pacientes/consumidores, preferimos hospitais, clínicas e casas de saúde que acreditem que o cuidado, não tem limites.